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CENA LITERÁRIA

A literatura é mais que um gênero literário, ela é também fonte da história de uma cidade. Dia desses, me peguei lembrando nossa cena literária local, especialmente nos tempos de Partenon Literário, que surgiu na cidade em 1868, quando gêneros como o romance eram ainda embrionários no país.

A poesia, que sempre foi um gênero literário, também efervescia na cidade. Lembro da história da Luciana de Abreu, que, corajosamente, tratava da emancipação feminina, diante da maioria masculina da época.

Outra recordação foi o Jardim dos Poetas Provincianos, da Praça da Harmonia. Não lembro se havia mulheres neste movimento, acredito que nenhuma.

Mais alguns esforços na memória me recordam os romances de 30. Lá estavam Erico Verissimo, Dyonélio Machado e Cyro Martins. Mais uma vez, não havia mulheres. A partir do início do Mário Quintana nos jornais, surgiu e passou a aparecer Lila Ripoll, mais tarde Lara de Lemos e a Tânia Faillace.

Viajando no tempo e chegando à atualidade da cena literária, levo um susto, mas um susto muito positivo. As mulheres estão ocupando muito os espaços, mais que os homens. Aliás, todas com qualidade literária e de produção, indiscutíveis.

São jovens, maduras, de diferentes raças, muito embora as mulheres negras ainda não tenham o espaço que merecem.

Dentro desta perspectiva, percebo que algo diferente existe na cena literária. Não é somente a Feira do Livro indo aos 70 e que brilha. Temos novos espaços e estes precisam ser cada vez mais apoiados, frequentados e divulgados.

Atualmente, existem pequenas feiras por muitos lugares, muitos saraus, clubes de leitura, coletivos como o Mulherio das Letras, Coletivo de Escritores Negros, Ages, Paranhana Literário, Literatura RS, enfim, tem muitas coisas boa acontecendo por aí.

De tudo isso, apenas sinto uma falta: a do poder público aproximar o trabalho destas diferentes figuras da nossa cena literária para as escolas, abrindo mais bibliotecas, estimulando que a literatura, a poesia, o romance, o conto e tantos outros gêneros estejam nas bibliotecas.

Levar mais autoras e autores para as escolas, criando um vale livro para que as crianças incorporem desde cedo a leitura nas suas vidas e os professores acessem exemplares e autores dos mais diversos possíveis, pois, como dito no início, a leitura é fonte da história de uma cidade, formada por pessoas que, precisam ampliar suas visões, ideias e conhecimentos sem precisar ir muito longe.



Adeli Sell é professor, escritor e bacharel em Direito.

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