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Dilligenza dovuta non c'é in Bento

Atualizado: 28 de fev. de 2023

TRABALHO DIGNO

"Dilligenza dovuta", isto é, prévia e devida diligência ou "due dilligence" não há em Bento Gonçalves. NON C'É in Bento, para ser entendido por alguns.

A velha Vila Isabel dos primeiros imigrantes era um ermo e laborar nas roças era duríssimo.

Em se plantando, dava para comer e viver. E "la nave" ia para frente. Afinal, tinham vindo para "fare la mérica".

Trocaram o velho nome pelo de um gauderio que não passa de um mito, perdedor dos seus propósitos, com uma biografia pouca digna para ser um herói, Bento Gonçalves.

Com o passar dos tempos, Bento passa a ser referência na indústria moveleira, a partir de derrubadas de matos sem limites.

Lembrar é preciso.

E esqueceram do velho nome, o da princesa que assinou a lei da libertação dos escravos. E agora a cidade está na mapa de praticar trabalho análogo à escravidão.

Agora, tem - ninguém duvida - uma bela marca no enoturismo e na boa gastronomia.

Quem não gosta de um bom vinho ou de uma espumante de qualidade regando uma boa comida típica? Mas é preciso lembrar do outro lado da moeda.

Em passado recente, tivemos o triste episódio contra o Ministro da Suprema Corte, Luiz Fux, que - sob ameaças - deixou a cidade sem ter podido falar. E isso que é um liberal dos quatro costados.

Um escárnio que agora fazem de tudo para esquecer. Como querem esquecer a campanha que fizeram contra pessoas e uma marca de vinhos pela cesta presenteada ao atual presidente Lula. Outro escárnio. Tentam esquecer.

Mas por nossa luta pela Memória, todos os episódios da vida cotidiana são resgatados.

O país é surpreendido pelo uso de mão de obra análoga à escravidão, na velha Vila Princesa Isabel, hoje, Bento Gonçalves, este era senhor de escravos com discurso republicano e abolicionista.

Correram para dizer que era um "terceiro", o tal "gato" baiano, mas se esquecem de olhar para si e para a ética que se exige das empresas, ou seja, se você contrata tem que saber da "dilligenza dovuta", traduzindo "pesquisa devida e prévia" ou ainda na língua "universal", "due diligence".

Vá e consulte as páginas das três vinícolas contratantes do terceiro/gato.

Escondido consegui achar numa um Código de Ética. Protecao de dados pessoais encontrei, mas não de forma adequada com a lei. Uma delas dá destaque ao que seria uma política de compliance, dando ênfase aos princípios ESG.

Chega a falar que tratam de "mitigar riscos". Outra fala até dos ODS da ONU, a terceira fala em Sustentabilidade ambiental. Isto é, usa-se maquiagem como base para ter aparência de legitimidade ética. É como as empresas que fazem greenwashing, ou seja, pintam ou lavam tudo de verde para parecer sustentável.

Não desdenho que possam realizar atividades nas áreas sociais, ambiental e de governança.

Mas como os sites se apresentam já é um indicativo que mais interessam as Notas dos vinhos e espumantes, todo o modelo de enoturismo que montaram, engolindo o complexo de pessoas, empregados, famílias produtoras, nós os consumidores - é secundário.

A Alemanha tem uma Lei de Vigilância que deve abranger todas as atividades da empresa e na Noruega há o Ato de Transparência.

Empresas da área da moda que praticamente tudo terceirizam tiveram suas marcas manchadas e detonadas nas redes sociais por uso de trabalho análogo à escravidão .

Boicotes existiram e há grandes possibilidades de boicote a estas três marcas.

Duas delas são mais populares e talvez terão menos desgaste, mas há outra que terá imensas dores de cabeça a perturbar seus executivos.

Mas como este tipo de empresariado é regra geral covarde tende a não aprender com seus graves erros. Seria o grande momento de uma reengenharia e de governança, para entrar de cabeça nas adequações legais, em empunhar a bandeira ESG.

Poderão até chamar seus apaniguados das entidades "master", porém deste mato não sai coelho. Caminham até ali, no velho estilo pró-forma.

Somente uma consultoria independente e ousada pode mudar a cadeia da uva e do vinho, colocá-la na modernidade. Quando dos episódios da deriva, vizinhos largando veneno no ar e prejudicando seus parreirais, chiaram. Mas não se engajaram em nenhuma ação contra o uso dos venenos.

O que farão agora?

Para o bem do Rio Grande do Sul e do setor vitivinícola quem não os ajudaria? Mas a pergunta é: querem ser ajudados?


Adeli Sell é escritor, professor e bacharel em Direito.

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1 commentaire


Adão Martins
Adão Martins
26 févr. 2023

Mestre Adeli Sell, com sua habitual perspicácia faz uma análise precisa e profunda da hipocrisia dos empresários brasileiros que "posam de honestos e voluntariosos", mas carecem de ética nas relações com os trabalhadores. É a "velha/nova direita" querendo o fim dos direitos trabalhistas, parece que já começamos a entender os porquês!

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