A crônica deste mês, inevitavelmente, é sobre um momento único no cenário cultural de Porto Alegre...
Imaginam qual?
Ah! Sem dúvida é sobre a Feira do Livro!
Como é inspirador caminhar pela Praça da Alfândega, desnudar os encantos das bancas, conversar com as pessoas que transitam, participar de sessão de autógrafos... Tantas emoções...
A Feira do Livro está na sua 69ª edição contribuindo para fomentar a literatura na vida pessoas. O que é complexo! Complexo pois o estímulo à leitura e a escrita não é o cotidiano da grande maioria de nós.
Confesso que tenho percebido mais pessoas lendo do que há algum tempo, mas isto pode ser uma impressão por estar inserida em muitos espaços onde a literatura é o norte. Com o advento, digamos, da era digital, o acesso aos livros também trouxe uma nova dimensão.
Mas nada, nada, na minha humilde opinião, substitui tocar os livros, interagir com eles. Alguns leitores, inclusive, têm o hábito, ao adquirir um novo livro, de cheirar as páginas. Alguém já presenciou ou teve esta reação?
Particularmente, por muito tempo eu nem escrevia neles. Hoje, ah! Escrevo, rabisco, dou vida ao que sinto no percurso da leitura. Uma relação muito íntima onde o imaginário, a minha percepção e sensação dão vida ao que o escritor delineou durante a sua escrita. Aliás nenhum escrito tem vida, sem o leitor.
Fico grata quando recebo o feedback sobre o que escrevo. Bah! É uma sensação inexplicável, pois de alguma forma aquela escrita repercutiu. Abre possibilidades de ampliar horizontes não somente para quem lê, mas também para quem escreve.
Durante a adolescência, quando participava de oficinas de escrita criativa na maravilhosa Casa Mário Quintana (aliás quem aparece em Porto Alegre e ainda não esteve por lá, precisa conhecer), desejava aprender. Lia tanto que ficava admirada com a possibilidade de fazer ressoar as minhas percepções através das letras... Uma pena desconhecer onde foi parar o que escrevia.
Restaram os diários..... mas isto não me atrevo a compartilhar. Aliás, quem já teve ou tem um diário? Para uma adolescente, naquele momento, era essencial. Assim como os papéis de carta (um capítulo à parte). Sobraram, também, um livrete, envolvido em um tecido azul, com renda nas bordas.... dou um tempo para tentarem adivinhar o que continha naquelas linhas......
Um risadinha (podem imaginar, pois sim estou rindo) para contar que tínhamos as conversas, o telefone (onde os modernos tinham teclas), correio (não o eletrônico) e os cadernos onde podíamos deixar mensagens e declarações de afeto ou responder perguntas que o seu dono colocava, tais como, cor preferida, comida, lugar..... Era um divertimento, pois aqueles cadernos andavam..... de mão em mão..... e as relações se construindo.
Voltando à Terra, digo, à Feira do Livro, mesmo com a possibilidade de adquirimos livros digitais, um desafio para quem escreve e edita, as Feiras são uma grande oportunidade para tocar, sentir e escolher livros que têm mais sentido para nós. É democrática quando possui diversidade em relação aos escritos.
Lembro que há muitos anos, durante uma caminhada despretensiosa pela Feira, entre os passantes, eis que enxergo, ao longe, um livro grande, vermelho. Minha primeira impressão.... “não pode ser!”, “será?”.... Vou me aproximando e.... dou de cara com o Livro Vermelho, escrito por Carl Gustav Jung.... inacreditável! Eu parecia uma criança que ganhava algo que desejava muito. Perguntei se podia tocar, pois parecia irreal. Logo comecei a falar sobre a importância do livro e quando percebi, muitas pessoas estavam ali comigo, conversando.
É assim que me sinto em Feiras. Desnorteada e... norteada.
Recentemente, enquanto caminhava pela Praça da Alfândega, me dei conta de que estava sorrindo. Lembrei que sempre que ando entre as bancas, me perco no mundo e um singelo sorriso aparece. Quantos de nós se permitem curtir o que gostam? Quantos de nós, respiram e inspiram seus desejos. Aliás, quantos de nós, têm a clareza sobre o que e como gostam de aproveitar a vida?
Neste momento, por exemplo, estou trabalhando com muito prazer, pois estou realizando o que adoro fazer.... escrever, compartilhar, tocar as pessoas através das letras. Letras que juntas, coletivamente, traduzem sentimentos, percepções, pensamentos. Podem ser mostradas através de músicas, poesias, contos, teatro, pintura, crônicas....
A arte é Purificadora! A literatura é Inspiradora! Quando nos permitimos nos perceber através das diferentes lentes da Existência, nossa visão é mais clara e nossos corações mais abertos a viver.
Como não falar sobre os 80 anos do livro “O Pequeno Príncipe”. Até podem ter pessoas que jamais leram, mas confesso adoro o livro. Aliás sou colecionadora de releituras do livro. É claro que já li inúmeras vezes e continuarei lendo. Quem passa pela Feira, tem a possibilidade de ir até o estande alusivo, observar maquetes, desenhos sobre o livro. Se deixar permear pelo que Antoine de Saint-Exupéry brilhantemente nos suscitou. Jamais deixei de ver o meu Planetinha.....
E, justamente, no ano desta comemoração, no meu Planetinha, tenho a possibilidade de participar, mais uma vez, da Feira através da Vitrine de Lançamentos e da Sessão de Autógrafos. Se estão pensando que o novo livro chegou. Não, ainda está no forno. Mas por incrível que pareça, estarei falando sobre o livro que lancei em 2019. Dá para imaginar? Pois é.... “Tocando o Coração Enxergando a Alma”, o que empresta o nome e a mandala da capa para o Canal do youtube, permanece sendo abrindo caminhos.
Assim, dia 7 de novembro, às 15h, tenho o prazer de convidar a estarem comigo! Conversaremos sobre o livro. Pretendo, é claro, escorregar um pouquinho para o “Em busca da Alma perdida”. Sinto tanto prazer em compartilhar sobre eles! Agradeço imensamente a quem editou cada um deles, assim como quem prefaciou. Estão no imenso e eterno livro da minha Existência.
Lá na minha adolescência, jamais imaginava que estaria vivendo este momento. Em 2022, participei da sessão de autógrafos com o livro “Em busca da Alma perdida”. Inexplicável!
Um sonho que foi sendo construído com o tempo e que se tornou realidade. Tenho dado um passo de cada vez e, aos poucos, tudo vai se consolidando.
Uma pergunta me suscita. Tens tido sonhos? Quais os sonhos que já concretizaste?
Podemos passar uma Existência sem sonhar, sem desejar algo?
Questões que jamais podem ser esquecidas ou colocadas para baixo do tapete. Sonhar é combustível para a Existência. Concretizá-los exige esforço, dedicação, amor, paciência... Um caminhar com muitos passos...
Desejo que as letras sopradas pelo ar, encontre corações abertos, construindo, permeando e concretizando sonhos.
Sejamos Luz!
Patrícia Ziani Benites
Psicóloga e Escritora
Canal no YouTube: Tocando o Coração Enxergando a Alma
Realmente a feira do livro de Porto Alegre nos leva ao sonhar...