Há dias, escrevi como a I.A. - Inteligência Artificial - poderia nos ajudar, estar a nosso favor. Não é uma tarefa simples, tem profundas ligações com nossa postura ética, com nossas condutas.
As professoras Ana Elicker e Débora Barbosa lançaram em 2011 pela Cirkula de Porto Alegre um livro claro e didático com relatos concretos sobre como se faz a LITERACIA DIGITAL Isto é, "o uso de tecnologias digitais que integram um conjunto de competências, habilidades e posicionamentos indispensáveis para a formação cidadã”, como dizem na página 85.
Nos dias atuais um professor que não tenha literacia digital não tem competência pedagógica digital, ficando atrás do cotidiano de seus alunos mesmo em certas regiões periféricas. Claro que o professor deve utilizar estas tecnologias de forma responsável para a formação pessoal e profissional, orientando seus alunos para pensar reflexivamente construindo sua cidadania digital de forma inclusiva, crítica e ética.
As autoras citam na abertura do livro o professor Paulo Freire, dizendo:
"Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção."
No prefácio, o professor e pesquisador José Moran, remete ao fulcro do livro que é a discussão do hibridismo tecnológico-digital, na interação entre humanos e máquinas (tecno-humanização).
Uma questão que levanto sempre é: estamos preparados para apre(e)nder? Acrescento: Os que nos ensinam – professores -estão? Há condições e acessos aos espaço- digital e físico- deste ensino?
Devemos usar ferramentas que ofereçam condições teórico- didáticas, metodológicas e práticas a fim de realizar um trabalho sistêmico, harmonioso e que gere resultados. A partir da capacitação, os alunos vão conseguir adquirir habilidades imprescindíveis para sua atividade cotidiana, com ética, respeitando a proteção de dados pessoais, a privacidade, sem entrar na chamada "deep web", sem trollar outrem, usar ou incrementar fake news. Estas atividades de capacitação terão que ser recorrentes, porque sempre vão aparecer novidades, exigindo o mesmo de professores, cujo papel deve ser desempenhado pelos gestores de ensino, via suas secretarias de educação.
Entrei nesta "outra seara", na expectativa que as autoras possam apresentar outros estudos, para nos mostrar os dilemas dos percursos de alfabetização, do letramento e da própria literacia digital.
Estamos de acordo com Elicker e Barbosa que a "sociedade precisa de pessoas dispostas e capazes de assumir responsabilidades, o que incluam os espaços digitais". Temos que caminhar para o "cidadão digital", que possua habilidades, tenha valores como tolerância, não violência, reconhecimento de direitos humanos e reconhecimento do estado de direito.
A fim e ao cabo é necessário apresentar novos conhecimentos neste mundo chamado 4.0 e continuar aprendendo sempre. E a pergunta que não quer calar? Estamos preparados? Estamos nos preparando? Em parte, sim, como mostram alguns estudos apresentados pelas duas autoras. Mas temos a convicção que estamos bem longe de uma generalização.
Vamos retomar estes temas em breve, voltando ao tema da IA que possa estar a nosso serviço, como alcançar globalmente a literacia digital.
ROSÂNGELA BENETTI ALMEIDA, advogada – rosangela@rbaadvs.com.br
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