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Na trilha da Existência

Viagens sempre nos instigam à escrita. Pelo menos a mim, aguçam múltiplas possibilidades de (Re) Conexão.

De qual viagem vou falar hoje? Bem, aquela em que a motivação inicial foi o serviço que desenvolvo como servidora pública.

As viagens à trabalho sempre oportunizam a descoberta de novos lugares e tecitura de muitas redes (eu, tecer redes?). Risos à parte, sempre procuro aproveitar o que a Existência me oferece. Aliás, aqui, já vale a primeira reflexão. Tens aproveitado as oportunidades? De que forma? Lembras da última vez em que te deliciaste com momentos diferentes?

Ah! É claro, uma pergunta que não quer calar... Percebes oportunidades que a Existência te proporciona? Até porque senão reconheces, jamais vais aproveitar. O cotidiano às vezes nos engole, literalmente, e vai impedindo que sejamos protagonistas da nossa caminhada. Enquanto não paramos, respiramos por alguns segundos sequer e sentimos, nem temos a condição de perceber que estamos robotizados.

Chamamos isto de vida moderna! Parafraseando um querido amigo:  "Para quem cara pálida?" A vida moderna está no clássico e clin dos edifícios cinza, sem cor, sem vibração... Está na correria da vida, como o rolar do dedo pelo celular e... Pera aí, quase que derrapo para outras questões.

Voltando às viagens, dias destes surgiu a oportunidade de participar, junto com outras tantas pessoas da educação em saúde coletiva do RS, da importante Caravana encabeçada pela Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde./ Ministério da Saúde. Seu nome? Caravana FormaSUS da região sul do país, na amada Florianópolis/SC.

Bem, para contar tudo, levaria umas quatro crônicas. Então utilizo alguns vitrilhos que tecem este mosaico. Inicio pela foto colocada no grupo de whatsapp construído por uma colega. Gente, a figura de uma kombi (oriunda de uma conversa que tivemos, eu e mais duas colegas) dirigida por uma de nós e eu na carona, rendeu boas risadas. De cara, o tom da viagem estava se construindo.

O segundo ladrilho foi a escolha do meio do transporte: avião (péssima ideia). Jesus! Para irmos à Floripa precisamos fazer baldeação em São Paulo, pode? Teoricamente, por conta do desastre ocorrido em 2024. Mas tudo a gente pode transformar né? Ainda mais quando estamos com pessoas bacanas que tem em comum o comprometimento com o trabalho e a alegria de viver.

Bom, a próxima etapa é falar sobre a oportunidade de compartilhar airbnb com algumas colegas. Foi fenomenal!

Conversar sobre a vida, desbravar histórias, cuidar umas das outras, respeitar espaços, organizar supermercado, arrumar café, lavar louça, caminhar até o evento, usar aplicativo (podem respirar!) é muita intensidade em pouco tempo. Quantas aprendizagens são possíveis quando nos colocamos na vida viva em ato (lembrando o termo “trabalho vivo em ato do grande sanitarista brasileiro Émerson Merhy).

As conversas foram um convite para o trânsito por muitas vias na velocidade da luz!!! As escapadelas ao final do dia para o happy hour, uma sensação! Oportunidade para agregar, conhecer lugares novos, darmos risadas, alimentamos o corpo e alma.

Situações inusitadas também acontecem. Peço licença a uma das parceiras que referiu "até tô com medo da tua crônica", para compartilhar uma delas. Asseguro que não irei expor ninguém, pois o objetivo é outro.

Vamos ao acontecimento. A colega combinou de passear com um casal de amigos residente de Florianópolis. No final de um dos dias do evento, lá foi ela com os amigos para vivenciar a praia. Pegaram as cadeiras, vinho, taças e rumaram para a beira mar. Acomodaram-se tranquilamente próximo a algumas pedras. Lá pelas tantas começam a ver baratas caminhando para lá e para cá. Já era noite, portanto todos os Seres têm o direito de curtir né?

Pois então, esta colega não teve dúvida, tirou a rasteirinha do pé e já disparou na direção de uma pobre coitada. Eu já tentaria conversar com elas. Moral da história? Cada leitora e leitor podem tirar as suas conclusões, mas o que trago aqui é que a convivência é um ato singular e coletivo. O bom e o ruim é vivenciado a partir das experiências que vamos acumulando no decorrer do caminho.

Numa situação como esta, alguns poderiam simplesmente levantar acampamento, outros partiriam para cima das baratas, uns permaneceriam sentados, nem notariam e outros continuariam curtindo, apesar da situação. Tudo depende do ângulo que estamos enxergando. Tu, farias o quê?

Partindo para a próxima pastilha da história, bem colorida é o Armazém Rita Maria. Que lugar interessante com variedades de alimentação, arte pulsando por todas as partes, incluindo a visão da Ponte Hercílio Luz que estava iluminada com a cor violeta. Cor da transformação, representada pelo Mestre Saint Germain.

Bah! Após nos sentarmos, percebi uma cervejaria artesanal. Claro que rumei lembrando do desejo de encontrar o chopp de vinho que degustei a alguns anos, produzido na serra gaúcha. Aliás se alguém sabe de locais que estão comercializando, pode me dizer. Voltando à cervejaria, comecei a bater papo com a atendente e disse que gostaria de saber sobre os chopps adocicados (tô até vendo algumas caras franzindo a testa, mas cada um tem o gosto que lhe apetece... hehehe). Começou a me dar várias provas, mas não estava encontrando nenhuma que gostasse. Daqui a pouco, na última degustação ela comenta sobre o chopp de vinho. As palavras voaram pela minha boca: Queres me embebedar antes de chegar no chopp que tenho procurado há anos? Rimos, me disse que não tinha entendido o meu queria e eu respondi que não havia sido direta quanto ao meu desejo. Estava tudo certo. Peguei o meu chopinho faceira. Voltei para a mesa e apreciei a janta com as colegas, ao balanço da música ao vivo.



Básico destes eventos são as conversas, reencontros com pessoas que fazem parte da nossa trajetória, a oportunidade de conhecer novas, compartilhar experiências e discutir sobre o direcionamento das Políticas Públicas. Quando podemos pensar e construir junto, avaliando o que está bem e refletindo sobre alternativas para lidarmos com as dificuldades é algo sem igual. Fácil! Não! A construção coletiva é complexa e difícil, mas falar e decidir pela e para as nossas vidas sem nós é arbitrário, homogeiniza as diferenças sem olhar as realidades.

Um diferencial desta Caravana foi a Arte. Imaginem euzinha que trabalho arduamente para fomentar a arte, literatura como promoção da vida, saúde mental e espiritualidade participando de um Encontro onde foi lida muita poesia, produzida música, além de apreciar a apresentação do Boi Mamão, da cultura regional. Vale o recorte de que as portas de cada sala de trabalho tinham a biografia de mulheres fantásticas.

Mas já me estendi muito. Quem sabe, continuo com algumas reflexões em outros momentos. Pois as histórias são muitas!

Desejo que o pouco que compartilhei possa potencializar em cada leitora, e leitor o desejo de viver cada situação como oportunidade de degustação da Existência. Em algum momento não estaremos mais aqui fisicamente ou muitas pessoas que amamos ou que partilham a caminhada conosco já estarão em outro plano, então apreciar cada situação é necessária.

Gratidão às colegas que me estimularam a escrita da crônica! Saibam que a Caravana FormaSUS tão rica e intensa de trabalho teve um gosto Especial pela presença de vocês!

Que sejamos Luz, Paz, Humanidade e Encantamento! Até a próxima!



Patricia Ziani Benites


Psicóloga e escritora

Autora dos livros Tocando o Coração - Enxergando a Alma, Em busca da Alma perdida e Crônicas da Existência Vol I

Canal Youtube: Tocando o Coração Enxergando a Alma

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